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Foto do escritorPatrícia Claudine Hoffmann

Colisão de Esperas


Saberás desabitar teu tempo

nas vértebras dos colibris.

Ainda que colidam esperas

e multipliquem-se de vésperas.


Ainda que removam teus navios

e os desafios envelheçam.


Saberás do espelho

nos rigores dos olhos

que molham a cara.


E tudo será retrospecto, avulso...

sem ramificações

que não sejam marítimas.


Saberás legitimar

das fraudes o esquecimento,

a desmemória-chave

do que agora recomeça

e já não pode ser outro

por falta ou excesso de pacto.


Sorverás da palavra

a nódoa imperdoável da beleza.

Rezarás inúteis distâncias

por causa das gentes

e estas ressurgirão

no tardio de cada urgência.


Saberás, no pontal das cegueiras,

das bandeiras que se dissolvem

quando feitas de gelo e sal.

Deixarás teu tempo como o animal

que deixa - do combate ao ninho -

o incompatível caminho.

- É teu sigilo voltar.

.

.

.

Ilustra: Svetlana Rumak



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